sábado, 16 de agosto de 2014

A NECESSIDADE DA ARTE




FERREIRA GOULART

A NECESSIDADE DA ARTE





AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS QUE FUNDAMENTOU
O ENSINO DAS ARTES NO BRASIL


Nós, como educadores e docentes, em suma temos a tarefa de postar-nos respeitosamente diante da individualidade [do aluno], proporcionando-lhe as possibilidades de seguir suas próprias leis evolutivas.
- Rudolf Steiner -


A história de um homem nada mais é do que as lembranças de marcas e marcos que se guarda em registros oficiais ou em memória, e que serão lembrados e recontados em cada um de nós, em conformidade aos sentidos que façam.
De acordo com os dados históricos de Rosa Iavelberg, no capítulo 11 de seu Livro; Para Gostar de Aprender Arte; Sala de Aula e Formação de Professores, a autora remonta a história do ensino de arte no Brasil à partir do período colonial onde o modelo de educação é preconizado pelos Jesuítas que abordam a literatura como forma expressiva, porque estimulava a sedução dos sentidos, a disciplina era rígida e  de metodologia única, professor único em toda vida escolar do aluno.
Assim ela decorre o percurso pelo império do século XX com a chegada da Missão Francesa que instala a Academia Imperial de Belas Artes no Rio de Janeiro, sendo este sistema compreendido por Mímese baseado nos modelos educativos europeus que valorizavam a estética neoclássica. A noção de expressão era de contenção e controle dos sentidos e não expressão dos sentidos como no expressionismo. A história da educação do ensino de arte foi sendo moldada a partir do Brasil República com Rui Barbosa e o modelo tradicional influenciado pelo modelo americano de industrialização, dando à arte um sentido utilitário para o progresso industrial preparando os indivíduos para os serviços artesanais preconizando a repetição e o mecanicismo para o mercado industrial. A partir dos anos 50 o canto orfeônico passa a fazer parte do currículo escolar, em seguida o teatro com peças que seguiam o modelo italiano para apresentações de festas comemorativas do calendário escolar. O teatro acontecia na festa de final de ano ou datas comemorativas do calendário escolar. Rosa Iavelberg conta que os aspectos desta metodologia enfatizam o ensino dos conteúdos.
O produto da aprendizagem era a reprodução e não o processo. Aprendizagem repetitiva e mecânica, não consideravam as diferenças individuais. Na relação didática o que predominava era a autoridade do professor, a disciplina imposta, silêncio e atenção. A avaliação era habilidades manuais, organização, limpeza e capacidade de reproduzir conteúdos. Com a chegada do movimento arte na escola nova, de origem europeia e americana do século XIX, que no Brasil chega em 1930 como escola nova ou ativa,  afirma que a necessidade é a mola de ação e se expressa pelo interesse defendendo a livre expressão, livre da influência de cânones, padrões, e modelos de arte. Este é o conceito de Lowenfeld, adepto da escola nova que influenciou os arte-educadores brasileiros no final dos anos 60. Através de pesquisa identificou oito critérios para dimensionar a criatividade.
Augusto Rodrigues em 1948 em sua escolinha de arte no Rio seguindo a orientação de Read divulgou o movimento educação pela arte, baseado na expressão da liberdade criadora individual, (a iniciativa do aluno). Seus aspectos e metodologia apontava o professor como facilitador de aprendizagem e enfatiza o desenvolvimento e o “aprender a aprender” do aluno através das vivências. A atenção era centrada no aluno e o professor tinha papel de facilitador num ambiente democrático num clima psicológico adequado. Em seguida temos a LDB que introduz a educação artística no currículo escolar, ensino fundamental e médio. Os professores trabalhavam essas práticas como atividades artísticas. A Arte não era considerada disciplina, mas atividade “generosa”.
10 anos depois surgem os movimentos de organização dos professores de artes e a educação passa a ser discutida em congressos.  A metodologia da escola tecnicista era a do sistema produtivo capitalista, visava preparar os indivíduos para o mercado de trabalho.
Já a arte na escola libertadora segue as propostas da pedagogia ativa, e visava a conscientização do povo tendo como aspectos metodológicos a crítica e a informalidade. O professor tinha papel de animador. Na escola libertária a importância era crescer em grupo usando práticas antiautoritárias, conforme as próprias aspirações.
Na escola crítico social dos conteúdos acumulados e em produção para a participação social e o exercício da cidadania consciente.
Libânio propõe para o trabalho docente um saber, “um saber ser e um saber fazer pedagógico” tendo como aspectos metodológicos a unidade entre teoria e prática e formação de uma consciência crítica.
A arte na escola construtivista chega com a orientação dos PCNs de Arte e LDB, e consequentemente a teoria dos 4 pilares da educação.
De acordo com os dados acima encontrados no livro de Rosa Iavelberg consegui compreender a dificuldade que o Brasil teve em entender e compreender o ensino de arte nas escolas. Acredito que papel da arte não está só relacionado à cultura, e sim também tem uma função biológica, uma função orgânica, pois, o contato com a arte seja por quaisquer de suas linguagens, amplia as possibilidades do indivíduo se comunicar, se expressar melhor, despertando energias no ser humano que se encontravam estagnadas, adormecidas. Com base nestes fatos históricos percebe-se que o sistema modificou muito em relação a construção de currículo escolar e ainda necessita de mais mudanças, pois, o Brasil é um país democrático, o ensino precisa ser mais democrático, a sociedade tem a democracia, mas ainda não conseguiu compreender ainda o seu sentido. Tudo depende da conscientização, política e responsabilidade social.
A democracia não faria sentido se não houvesse participação política e social da população nos destinos de seu próprio bem comum. Com base nestes fatos acredito que para fazer uma história diferente no ensino da arte é preciso, portanto, que se busque na educação em geral e na arte em particular, um estímulo para o conhecimento e, a partir deste, e em sintonia com a arte, o despertar para a ação participativa na vida política e a consequente inclusão de um ensino melhor em Arte, com propostas inovadoras onde quem ensina/aprende não é só o aluno, mas sim o professor e aluno, numa relação de edificação de uma educação democrática verdadeira.

Uiliam José-2014





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